domingo, 27 de maio de 2012

Brilho branco em Azeitão

A Bacalhôa Vinhos apresentou os seus vinhos brancos no dia exacto em que a chuva deu lugar ao resplendor estival. Dez vinhos novos e glórias mais antigas.
Quem anda no mundo do vinho tem de estar sempre preparado para a surpresa. A prova de vinhos brancos que a Bacalhôa preparou no histórico Palácio da Bacalhôa, em Azeitão, não podia ser demonstração mais clara desse princípio fundador. Provenientes da Península de Setúbal, Alentejo, Bairrada e Dão, foram dez os vinhos apresentados na varanda que dá para o jardim e para a vinha velha que alimenta ainda hoje o Quinta da Bacalhôa. O sol e calor que se fizeram sentir foram para além das boas-vindas à Primavera; antes, prenunciaram o Verão quente e sequioso que Portugal sempre tem. A mesa é para nós lugar de festa e na canícula saudamos o bom vinho branco. Aquele que nos permite saborear em modo feliz um peixe grelhado. Que nos faz estar no descasque de marisco por mais de uma hora. Que nos faz perceber a virtude de um queijo. E sobretudo que condiz com o trajar mais ligeiro e fresco, a pensar na praia, quando não já com os pés na areia.
Filipa Tomaz da Costa e Vasco Penha Garcia, os enólogos da casa, acompanharam a prova com o carinho de quem fala dos seus filhos. Nada podia fazer imaginar, no entanto, que na altura do brilhante almoço servido pela Casa da Comida iria haver um desfile de coisas antigas. Genial, o Late Harvest 1982, o primeiro de todos, fulminantes os Cova da Ursa Chardonnay de 2006 e 2004, especialmente este último, e o Catarina 1981, que eu classifico como campeão de todo o evento. Destrói, como tantos outros, o mito de que os brancos portugueses não envelhecem bem. Com este tipo de equilíbrio e elegância, são eternos.


OS VINHOS

15 - JP Azeitão Regional Península de Setúbal branco 2011 – 1,99 Eur
Imbatível na relação preço-qualidade, apresenta o melhor balanço entre as castas Moscatel e Fernão Pires. Brilhante para um copo no final de uma tarde de sol.

16 – Serras de Azeitão Seleção do Enólogo Regional Península de Setúbal branco 2011 – 2,49 Eur
Feito de Fernão Pires, Verdelho e Arinto, consegue uma boa estrutura de boca e revela uma frescura que o distingue dos vinhos da região. Vai bem com queijo de Azeitão.

16,5 – Catarina Regional Península de Setúbal branco 2011 – 5 Eur
Tudo muito afinado neste vinho, a apresentar um comprimento de boca interessante, num registo de complexidade. Vinho bom para sushi.

17 – Cova da Ursa Chardonnay Regional Península de Setúbal branco 2011 – 12 Eur
É uma das referências nacionais da casta Chardonnay. A boa colheita que foi 2011 faz-se sentir aqui num vinho de recorte clássico e sofisticado. Foi provado ao lado do 2010 e teve a mesma nota. Fabuloso para uma boa caldeirada.

18 – Quinta da Bacalhôa Regional Península de Setúbal branco 2010 – 14 Eur
Está aqui um grande vinho, com muito ainda para dar. Muito afinado e elegante, apresenta fruta, flores e especiarias em conjunto de grande equilíbrio. É vinho para estar horas à mesa, de volta de um pargo assado.

16 – Quinta dos Loridos Alvarinho Regional Lisboa branco 2010 – 4,5 Eur
Se atentarmos no preço, é um campeão e só por si mostra-se na linha das edições anteriores. Demonstra bem o potencial da casta Alvarinho fora da região dos Verdes. Dada a sua boa acidez, vai bem com uma feijoada de chocos.

14,5 – Alabastro Regional Alentejano branco 2011 – 3 Eur
Vinho directo e capaz, proporciona prova agradável, com tudo integrado numa tonalidade madura, como se espera de um vinho alentejano. Clara vocação petisqueira. Percebes, amêijoas à Bulhão Pato são boas harmonizações.

17 – Quinta do Carmo Regional Alentejano branco 2011 – 7,50 Eur
Muito bem trabalhado. Fino, com contornos bem definidos, desenvolve complexidade apreciável na boca. Pede arroz de marisco ou uma boa açorda de camarão.

14,5 – Angelus Escolha DOC Bairrada branco 2011 – 3 Eur
Está ligeiramente magro na boca, mas apresenta boa tipicidade bairradina, dando prazer a beber. É vinho para aguentar bem uma caldeirada de enguias.

15,5 – Galeria Bical DOC Bairrada branco 2011 – 4 Eur
Saúda-se neste vinho a originalidade e o trabalho feito sobre a casta Bical que sai com um corte evocativo de outras, como Arinto. Bom para a muito regional raia de pitau.

16 – Quinta da Garrida DOC Dão branco 2011 – 5 Eur
Bom exemplar para quem quer conhecer a casta Encruzado sem gastar muito. Aprecia-se nele a frescura e o comprimento em boca. Vai bem como bacalhau à lagareiro.