terça-feira, 19 de junho de 2012

Cocktail Pearls, Chefes e Mendes Pereira no Kiss the Cook



Encontro marcado para as 4 da tarde de hoje, no “Kiss the Cook” da LX Factory. O programa era provar esferificações da Pescaviar (Espanha), integradas por Luís Barradas, sushiman e não só, e João Sá, chefe de mão segura, intelectualmente orientado, daqueles que ainda consegue dar emoção a uma mesa. Achei cómico, ver as bolinhas que já foram grande inovação cá pelo burgo e pelos burgueses do mundo, acondicionadas em boiões de vidro, prontas a usar. Ao mesmo tempo, fiquei muito aliviado, porque há assuntos da cozinha dita molecular que ou são executados de forma exemplar ou então mais vale comprar feito. Vêm então as esferas furiosas em seis variações difererentes: Maçã-Gengibre; Chili; Morango; Limão-Pimenta; Lima-Limão; e Vinagre-Chalota. Demasiado consensual a primeira, o gengibre está posto a medo, disseram-me por ser o que o mercado procura. Dava tudo para ter o telefone desse tal mercado! O Chili está bem, a cumprir o seu papel de intensificador de sabor. Lima-Limão interessante e Vinagre-Chalota a mostrar-se vocacionado para saladas e coisas frescas. O morango, a mim disse-me muito pouco, mas isso sou eu; a rapaziada presente estava toda bem-disposta. Talvez efeito dos copiosos vinhos da Quinta Mendes Pereira, pontificando hoje com um branco (Encruzado) e um rosé (Touriga Nacional). O Dão em esplendor. As janelas de vidrinhos do Kiss the Cook foram abençoadas por um sol que nas últimas semanas tem andado zangado com Lisboa e de repente até parecia que estávamos em Portobello Road. Saudades outra vez de Londres, e vim de lá há apenas 3 dias. Delícia.
A onda neste lugar é muito boa. A literatura disponível é um bocado cor-de-rosa – Jamie Oliver, e outras inglesisses à venda -, mas o plano de trabalhos é sério. É uma espécie de cozinha de sonho num jardim de inverno. As temperaturas das coisas de comer estavam totalmente erradas, mas havia coisas muito certas. O arroz para o sushi foi preparado por Luís Barbosa como deve ser, ali à nossa frente, enquanto britávamos umas tostinhas de salmão com bolinhas de chili, que lavávamos com branco (eu). Olhei à minha volta e a malta basicamente estava atirada ao rosé. Mudei para o vermelhinho, bem mais atinado para a cena sólida. Tataki de atum também não faltou, que com esferificações de maçã-gengibre. Bem. A única cabeçada foi a das ostras. Quentes quentes quentes, e além disso faltou-lhes a assessoria das esferinhas de lima-limão. Tive pena. Mas há coisas na vida piores. A série frutada das esferificações enfrascadas Pescaviar funciona. Deu-me vontade de experimentar, pelo que marquei na agenda o nome de Pablo Nogueira, o homem da Ecoatitude.
A comida de João Sá é sempre boa e tem sempre o que a vida deve ter: Temperança. É um artista do sabor por que poucos verdadeiramente deram até hoje. No Gspot, em Sintra, demonstra-o a toda a hora e com toda a força. Depois, falar com ele e com os acidentais de sempre, por exemplo Mário Cerdeira, Virgílio Gomes, Luís Portugal, José Nobre e João Cavaleiro Ferreira, é um prazer. Superado apenas pela surpresa de ali encontrar Cristina Lima, filha de Pedro Lima, dono do algarvio e bom Monte da Eira, restaurante referencial de Querença, e finalmente conhecer Ana Pena, super-consultora de imagem, espelho do próprio céu, aquele que se pensa sempre que já se perdeu, uma glória para qualquer mortal. Que encabulado fiquei.
Vai ser difícil esquecer esta tarde. Obrigado, Raquel Mendes Pereira.

4 comentários:

  1. Obrigado, Fernando Melo pela visita, fico a aguardar então o envio do que precisa. Só uma anotação o Sushiman chama-se Luis Barradas.
    Grande Abraço e obrigado

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  2. Só um apontamento, o restaurante Monte da Eira é em Clareanes, na estrada de Loulé para Querença. Obrigada e beijinhos

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