domingo, 27 de maio de 2018

Grande Loureiro, grande enólogo


18 - Pequenos rebentos Loureiro vinhas velhas edição limitada Nº 0443/1699 Reserva DOC Vinho Verde 2017 | Márcio Lopes
Muito para dizer sobre este vinho que acabo de provar. A genialidade sem contemporizações de Márcio Lopes, autor, enólogo e empresário. Um Loureiro como não sabia ser possível. A mineralidade, apoiada seguramente nas vinhas velhas que lhe estão na base. O futuro brilhante que tem pela frente. Prefiro não dizer mais nada.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Concurso Viniportugal - Resultados


“O Melhor do Ano”
Touriga Nacional Tinto (2015) | DOP Douro | Produtor: Quinta do Crasto, S.A

“O Melhor do Ano Licoroso”
DR Porto 30 Anos | DOP Licoroso Porto | Produtor: Agri-Roncão Vinícola Lda.

“O Melhor do Ano Varietal Tinto”
Touriga Nacional Tinto (2015) | DOP Douro | Produtor: Quinta do Crasto, S.A.

“O Melhor do Ano Branco Especial”
Falcoaria Late Harvest (2014) | DOP do Tejo | Produtor: Casal Branco Sociedade de Vinhos S.A.

“O Melhor do Ano Varietal Branco”
Alvarinho Deu La Deu Premium (2015) | DOP Vinhos Verdes | Produtor: Adega Cooperativa e Regional de Monção, CRL

“O Melhor do Ano Varietal Branco”
Aveleda Reserva da Família Alvarinho (2016) | IGP Minho | Produtor: Aveleda, S.A.

“O Melhor do Ano Vinho Tinto”
Passadouro Reserva Tinto (2015) | DOP Douro | Produtor: Quinta do Passadouro Sociedade Agrícola Lda

“O Melhor do Ano Vinho Branco”
Private Selection Branco (2016) | IGP Alentejano | Produtor: Esporão Vendas & Marketing

“O Melhor do Ano Espumante”
Flutt Branco Espumante (2015) | IGP Beira Atlântico | Produtor: PositiveWine Lda.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Restaurante Palad’Arte, Parede: Em pedra firme

Está-se bem neste reduto da Parede, por onde é fácil passar sem notar. Brigada jovem, receituário de sempre e uma importância ao vinho que raramente se encontra. O Palad’Arte é feito do material dos castelos que outrora existiram na zona, de cujas pedras se ergueram muros e paredes indestrutíveis.

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 3
A comida: 4

O périplo rodoviário pela estrada marginal existe desde 1940 e foi criado, imagine-se, para deleite dos que faziam o trajecto ribeirinho desde o Estoril até S. João do Estoril, a velocidades módicas e em total segurança. Foi o próprio Duarte Pacheco que a mandou construir, nunca pensando que décadas volvidas se tornasse uma das mais sangrentas estradas do país. O separador central e o controlo apertado de velocidade permitem hoje sentir de novo o glamour dos pioneiros. O trajecto tem um ponto de particular acalmia na zona da Parede, mesmo quando a intempérie fustiga quem passa. Bons restaurantes sobre a marginal teve sempre a Parede, fruto dessa bonança garantida, e também um certo frisson de descobridor, para quem saía de Lisboa. Aqui e ali, projectos válidos foram ponteando o interior da Parede mas quase todos durante pouco tempo. O Palad’Arte, instalado numa rua ainda mais interior do que a avenida da república, iniciativa do casal Lurdes e António Alves, instala o facho olímpico de novo no que é o recanto mais discreto da riviera portuguesa. O chef Nuno Bacalhau e o seu segundo, Gonçalo Abrantes, na cozinha, o experiente Carlos Miguel na sala divertida e moderna, motivos da boémia vanguardista na parede principal e uma ementa que transpira arte. A de bem entrar, bom e bem achado presunto especial (8 euros), queijo de azeitão (4 euros). As entradas são a arte de bem continuar, onde temos de ir devagar. Escolho três, pela timidez e território jovem ainda para os jovens cozinheiros o escabeche de perdiz (8 euros), pelo lado consensual e patrimonial a alheira com grelos e ovos (7 euros), e pelas saudades a brandade de bacalhau (7 euros), emulsão maravilhosa que está na base de glórias como o dito à conde da guarda. A arte de bem comer representa com dignidade e brilho pratos da tradição com toque inovador, nos quais Lurdes Alves partilha saberes e segredos seus, caso do caldo de peixe com batata-doce e banana-pão (32 euros, 2 pessoas) e do bacalhau confitado com broa (15 euros). É de ir ao javali estufado com batata confitada e microlegumes (15 euros), Finalmente, a arte de bem ser guloso, declinada em terminações pecaminosas diversas, inefáveis as chamuças de arroz doce com sorvete de limão (6 euros), sacramental o pudim de ovos (3,5 euros). Vinhos bem escolhidos, servidos em bons copos e bem explicados, são frequentes os jantares vínicos com a presença dos produtores, lotação esgotada, é de reservar com antecedência. Procurada pela pedra desde o tempo dos romanos, a indústria extractiva já foi marca nesta nossa Parede. Estamos bem nestas paredes que nos abraçam à mesa e nos serenam a cada passo e a cada visita. Estamos em pedra firme.

Restaurante Palad’Arte
R. Machado dos Santos 259-B
2775-214 Parede
Tel. 935 241 122
12:30-15:00; 19:30-23:00
Fecha: Segunda
Preço médio: 21 euros

A refeição ideal
Presunto especial (8 euros)
Bacalhau confitado com broa (15 euros)
Leitão com batata assada aromatizado em azeite e alecrim (16 euros)
Chamuças de arroz doce com sorvete de limão (6 euros)

terça-feira, 8 de maio de 2018

Bons Tempos, em Vila Real: O charme que sabe a sempre

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 3
A comida: 4,5

Vive-se bem na cidade de Vila Real, capital de Trás-os-Montes, o Marão, as Fisgas de Ermelo, Mateus, o Douro logo ali e tantos outros encantos fazem com que visitá-la seja imperativo sentimental. No Bons Tempos a leitura franca dos sabores transmontanos tem o toque cosmopolita e abre as portas ao mundo.

Alexandra Amorim decidiu em boa hora dar continuidade ao trabalho dos seus pais, transformando um espaço de taberna em restaurante de perfil moderno. O receituário familiar e regional seria partilhado com todos, em nome dos bons tempos de outrora e apostado nos bons tempos futuros, que são os que estamos a construir em cada refeição que ali fazemos. Desde Agosto de 2009 que Vila Real conta com este lugar de tertúlia junto ao mercado onde tanto se petisca como se almoça ou janta e onde o bom vinho corre como o os caprichosos Corgo e Cabril, os rios que abrem algumas das mais belas paisagens portuguesas e que enformam Vila Real. Tripas aos molhos (3,5 euros), moura grelhada (4,2 euros) e pataniscas de bacalhau (3 euros) configuram delícia e pouco mais precisamos para com um copo de vinho da brilhante Adega de Vila Real dar a empreitada por completa. Mas estamos em Trás-os-Montes e ninguém pode sair sem o conforto pleno atingido. Entregamo-nos mais que facilmente ao bacalhau na broa de milho em cama de grelos e batata a murro (9,5 euros), feito com azeite e mão que enfeitiçam e viciam desde o primeiro contacto, ou ao polvo grelhado com batata e legumes (12,5 euros), um louvor culinário aos bons tempos de há muito tempo que todo o português visita com saudade. Sedução garantida no belíssimo entrecosto de vinha d’alhos com arroz de carqueja (17 euros, 2 pessoas), a mais portuguesa das ervas, surpresa inefável nas costeletas de borrego grelhadas, molho de ervas do marão e batata à antiga (10,8 euros), Alexandra e Manuela Brulha, oficiante na cozinha, têm aqui uma proposta de sabores e aromas que colocam o planalto vilarealense entre os paraísos das ervas aromáticas, muitas delas autóctones. Bom seria que todas as mesas tivessem o cuidado de as oferecer aos seus clientes, do tanto que há ainda por desbravar. O lombinho de vitela flamejado em porto, batatas alouradas e legumes (13 euros) mostra a força da proximidade e abre uma janela para o pouco praticado vinho do Porto nas nossas cozinhas. E é tão bom o peito de frango grelhado da casa da avó com arroz de cogumelos selvagens (9,5 euros)! A simplicidade é o grande reduto da tradição culinária portuguesa, está aqui bem demonstrado. Há uma ementa vegan disponível para os que renunciam à proteína animal, mas é impossível renunciar às sobremesas. Único e muito bom o gratinado de castanha (3,9 euros), excepcional a tarte merengada de frutos secos e creme de ovos (3,6 euros), assim como os figos fritos com gelado de frutos silvestres (3,9 euros). No lado patrimonial, a vénia ao queijo serra da estrela, pito de santa luzia e compota (4,5 euros). Mas a vénia há que a fazer a Alexandra Amorim, em nome dos bons tempos que passámos e dos que nos esperam. Muitas vezes.

Restaurante Bons Tempos
R. Santa Sofia 41
5000-680 Vila Real
Tel. 963 626 564
12:00-14:30; 19:00-22:30
Fecha: Terça e jantar de Domingo
Preço médio: 20 euros

A refeição ideal
Salada de orelha de porco (2,6 euros)
Pataniscas de bacalhau (3 euros)
Bacalhau Bons Tempos (9 euros)
Entrecosto de vinha d’alhos com arroz de carqueja (17 euros, 2 pessoas)
Gratinado de castanha (3,9 euros)

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Profissão difícil


A tolerância é o único caminho, mas quando damos com a ignorância e a arrogância fundidas numa mesma pessoa e essa pessoa é quem vai tratar de nós, o que fazer? Ir embora. Não fui.

Palavra que aconteceu. Cheguei um pouco mais tarde do que a minha amiga ao restaurante, bem giro por sinal, ficámos na zona de bar, que eu não conhecia e já agora fiquei mais que fã. A minha amiga já estava com um copo de vinho branco servido, pedi igual. Só que o meu tinha rolha. Comparei com o dela, e obviamente eram de garrafas diferentes. "Este vinho é mesmo assim, as pessoas encontram defeito, mas não tem". Como??? Expliquei que não, e pedi novo copo de vinho, mas de outra garrafa. "Eu vou-lhe explicar", disse ele, mas eu achei melhor não ouvir. Um chorrilho barato de termos e disparates. Pedi licença para conversar com a minha amiga, afinal foi para isso que ali fui. Queria levantar o copo que para ele não tinha defeito algum, mas eu disse que ficava, para ele ver dali a um bocado, com o arejamento, que de facto tinha TCA, vulgo rolha. "Eu tirei enologia", assim, atirou o rapazinho. E eu perguntei, a brincar, claro, tirou a quem? E afastou-se com má cara. Mas afastou-se. Bons ovos rotos. Muito bom hotdog de lavagante, com maionese trufada. Bife tártaro feliz.